Acredito que sentimentos sejam como o ar, ou quase; na verdade, creio que todas as possíveis emoções existem mas, antes de sentidas, são ínvisiveis. A diferença é o modo como se tem acesso a elas. Se inspirar é algo natural, que fazemos quase sem dar conta, para ter acesso aos omnipresentes sentimentos é preciso algo mais, dependendo também do próprio sentimento. Por exemplo, quando vejo que uma criança, para sorrir, precisa apenas que lhe dêem uma guloseima, tenho por momentos uma ligação directa à alegria, que aquela visão desbloqueia; todavia, se no momento seguinte, me deparo com um homem que odeia outro talvez porque em pequeno não tivera as guloseimas de que necessitava, logo a alegria anterior regressa a um segundo plano para ser focado o de desgosto, ou tristeza.
Se calhar, estes sentimentos não existem realmente, ou pairem indefinidamente num qualquer universo paralelo, e só tomem vida quando um ser, numa qualquer parte da Terra, o sente. E sim, disse ser, porque não acredito nas balelas biológicas que me tentam impor a ideia de que os animais não sentem. Iludam-se, que eu bem sei que um cão abandonado chora porque viu as costas de sempre amou, e um pequeno pássaro canta porque a benção de um novo dia lhe invade a alma, e o Sol que se levanta lhe dá um gozo semelhante àquele que sinto por ser um pouquinho poeta e poder fazer chacota da Ciência nas suas próprias barbas.
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