segunda-feira, 13 de julho de 2015

Ostra

As ostras e os astros, 
De inícios e fins contrários,
Encontram semelhança no entretanto 
De assim serem.
Enfeitam e prendam os azuis que escurecerem
Dando à ausência brilhos de tons primários.

Assim, por querer todos os astros dos céus,
Quero uma ostra.
Guardar as areias do meu fundo
No profundo mar,
Sereias e castelos com as mãos fecundo dos grãos seus.

A linha deste colar que coso
Não traz pérolas nem espera.
E se ouso navegar
É devagar.
Vela sem cera,
Chama de vento, sincera
Chama-me e leva-me
A arder.




quinta-feira, 2 de julho de 2015

Astrónomo

Amo a pequena estrela, não sabendo já cego desse amor se é somente estrela, se já morreu e é só luz, se é o Sol. Amo-a e já é o Sol e é cadente e por só a amar a ela é-me mil constelações desenhadas no peito que lhe dou, quadros da minha tinta mas da sua arte e inspiração. Sou para ela o céu, faz do que tenho breu azul e de azul fecundo o mar que em ondas sai de mim. Nascemos um e somos nascente desse oceano de signos e contos, pontos e continuações. Das linhas e beijos faço coroa, coroo-a rainha e eu sou rei. Legitimamos até o ar que se inspira, expiramos suspiros que podem ser brisas ou tornados, tornados nados assim, por nós. E do que damos por nos darmos nada esperamos senão tão só que o rio corra, espelho alegre do céu que nos deu à luz e que alumiamos.