terça-feira, 26 de janeiro de 2010

História do Céu e do Mar

No tempo de reis e bruxas e princesas
Dos cavalos, cavaleiros e espadas
Tudo eram magias filhas de fadas
Só havia conto, encanto, não certezas.

Nele aconteceu caso peculiar
Com poeta, amada e mãe
E com rei e má também
E o trovador que viveu p'ra contar.

Ela era loira, céu na vista
Filha de real casal
Para ela não queriam qualquer mal
E o mal pensavam ser o artista.

Este, lírico, esbelto, apaixonado
Contava em versos o amor incontável
Triste da vontade superior inabalável
Mas feliz de já ela o ter olhado.

Olhado e amado, de igual maneira
Ardente, fugaz, eterno
Sentimento doce e terno
Como a chama de fogueira.

A de mau génio mulher
Feiticeira de terrível força
Fez com que vontade do rei torça
E da mente lhe tomou poder.

Convocou então o enamorado
Que caído desejava tornar
E mandou-o missão realizar
Prometendo-lhe mão, se retornado.

"Desejas a minha filha" -
-Falava a bruxa manipuladora
"Então sai daqui para fora,
E ao fim do mundo trilha.

Traz-me prova de lá estadia
Para além da tua vida
Prepara já dura partida
E regressa enquanto dia."

Sabendo impossível tal missão
Mas mais o seria viver sem ela
Fervilha a mente e, como falta dela
Na amada espeta punhal, no coração.

"O fim do meu mundo agora vi
Sem o ouro e azul e de mi morte causador
Falta a minha vida, dou-ta sem dor
Porque estarei hoje com a que jaz aqui."

Ditos versos o punhal perfura
O sangue mancha e espalha
A maga, que intento falhara
Lança sobre os mortos praga dura.

"Falecidos eternos apenas se verão
Para sempre se hão-de procurar
Ele há-de ser o Céu, e ela o Mar
Próximos porém nunca se tocarão."

Assim se criou o firmamento
Magia infinita que amor separa
Mas há entre ambos coisa rara
Uma emoção, entendimento.

Ele dá-lhe cor e a fecunda
Ela o reflecte e o anima
Ele manda-lhe o Sol e ela o retorna acima
Numa relação intensa e profunda.

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