Provoca-me uma angústia lacinante saber existirem tantos mundos por esse Mundo fora e estar confinado, por várias razões, a um espaço de poucos quilómetros quadrados. Em momentos mais parados, imagino os locais que poderia visitar, sabores que poderia provar, festas que poderia celebrar, cheiros que podia sentir. Em suma, vidas que poderia viver. Sinto que fui colocado na vida que tenho, nas pessoas que conheço, nos lugares que percorro. Não que desgoste, não, isto não é um grito rebelde e incompreendido de quem odeia a vida que tem. Simplesmente (?) gostaria de pegar em todas as vidas de todos os lugares de todos os tempos e viver cada uma delas, pelo menos as que satisfizessem esta minha ânsia que não consigo adjectivar. E ter em cada uma delas o tempo necessário para a saborear, sem preocupações gerascofóbicas, extraindo cada gota de prazer que me pudessem dar (sim, rejeitaria as menos felizes).
E imagino, nesses momentos, espaços e tempos que poderiam constituir pano de fundo a essas vidas. Há um lugar que me assalta permanentemente a ideia, sem que eu saiba porquê; um largo de pedra, com bancos, algumas árvores e uma pequena estátua, pequeno, à beira-mar, numa manhã invernosa, sem chuva, apenas com um pouco de frio e nevoeiro pouco denso. Não sei que lugar seja este, mas pensar nele faz-me feliz, aumentando simultaneamente o sôfrego desejo de o visitar... Sei que largos como este devem existir às dezenas, mas a verdade é que este me parece particularmente distante, inacessível, só mesmo recorrendo à multiplicação acima descrita.
Espero um dia lá ir. Seja como for.
Eu sinto-me exactamente da mesma forma, o meu sítio não é um largo de pedra, mas a ânsia de o descobrir é certamente parecida. Todas as pessoas têm esse lugar, consciente ou inconscientemente, mas têm-no. A diferença ou não, é que algumas descobrem-no mais cedo que outras. Mas na altura certa todas chegam lá. Assim como tu, e eu chegaremos ;)
ResponderEliminarBeijinhos
Cat
Faltou o nevoeiro.
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