quarta-feira, 21 de setembro de 2016

Universos

Como estas linhas que vedes
Alheias a fomes e a sedes
Seguem ordeiras
Cegas obreiras
As formigas.
Aversas a cantigas são
E não se canta sobre elas;
Formigueiros edifícios erguem
E ainda que os olhos não se ceguem
Não vemos as filas belas
Não nos toca pensar como elas...
Não vemos como deve ser.
Outras vistas se leve ao ser
Que só é no plural,
Uma equação especial,
Todas são, nenhuma é.

Não sei se será acaso de fé
Ou um ocaso de alma,
O que faz perder a calma
Ao bicho que cem vezes o peso levanta
E que a cem outros assim a fome espanta,
Mesmo que para tal empreitada
Deixe a vida assim largada
A um passo incauto meu.
Talvez não lhe cheguem as antenas ao céu,
E tão só saiba o pó da terra,
Ganha sem saber a guerra
Por não saber estar a lutar.
Era disto por certo que a cigarra cantava
Das pautas que os carreiros pintam,
Era disto que ela falava
Por mais que outras fábulas mintam.
Viu a proeza em uma apenas
A riqueza de quererem ser penas
E não um pássaro para voar.






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