quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O texto perdido

Estava já não sei onde a fazer não sei o quê, não tenho a certeza quando; no meio de pensamentos que na altura seriam importantes, surgiu-me na mente os versos de um possível poema, como penso que acontece aos poetas a sério. Que bom poema poderá sair daqui, terei de o escrever, pensei. E realmente pareceu-me minimamente engraçado. Mas não o escrevi, distracção sempre foi  um dos meus cartões visita. Ora, agora mesmo enquanto escrevo este, tentei lembrar-me dele. Mas os versos que me vieram de lado nenhum foram para nenhum lado. Agora eu pergunto: Onde andará esse poema que não nasceu, poderá ele real sem ter sido efectivamente escrito? Por momentos ele foi uma verdade, só não o pode ser durante mais tempo e para mais pessoas. Neste preciso momento vislumbrei-lhe uma sombra mas desvaneceu-se logo; ah, ele anda aí! Talvez exista um sítio, uma enorme sala de espera cheia de poemas que aguardam serem escritos, e este escolheu-me a mim para ser seu pai. Vou deixar de pensar nele e decerto ele voltará a chamar, senão resta-me o consolo de que outro poeta a sério ou a brincar, o traga a vida e assim eu o possa ler.

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