sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Brisa

Brisa doce há muito anunciada
Sabe Deus que a desejo
Como a sede quer a água
Por mil anos dela soube
E por mil anos esperei.

Chegou a madrugada por fim
Em que passaria na minha estrada.
A minha vida não era aquele momento
Mas para aquele momento tinha sido vivida
Por isso não me sentei que não merecia
Sempre atento ao horizonte
Onde espreitava tímido o Sol.

Vi-a por fim. Era brisa e era doce
Como prometido na longa espera
E era muito mais que isto tudo
Eram palavras que nunca serão escritas
Ou tentadas.

Aproximou-se, e estendi a mão.
Tentei agarrá-la!
Senti-a na mão, ela beijou-ma
Mas era brisa e era doce
E eu não a agarrei.
Num ápice já lá vai, um brisa e uma vida
E para a frente, mais espera?

Pois esperarei não mais!

Ah, minto-me, esperarei.
Mas é pena que assim seja.
Pois quanto mais por algo se espera
Menos esse algo dura
E a brisa doce logo passa
E nunca a vou agarrar.
Resta-me viver p'ra esperar.

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