sábado, 18 de setembro de 2010

A flor

Ontem ele passaste pelo jardim e adoraste a flor que lá viste. Conheceste-a, soubeste dela mais do que cores e texturas e cheiros e formas. Mas foste embora. E hoje, hoje não passaste pelo jardim. A flor, hoje, sei-o eu, mudou. Cresceu, ficou mais bela, a determinada altura não suportou o peso da própria majestosidade e envelheceu, murchou. Amanhã talvez queiras saber da flor, talvez te lembres dela e a saudade fale mais alto que outras coisas que falam demais, sem dizer muito. Talvez a queiras ver de novo, agarrado à imagem que de ontem guardaste; mas a flor não vai lá estar, pode já nem haver jardim, sabes? Hoje era a hora, amanhã, amanhã pode ser sempre tarde demais.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Comentários