sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Saber o escuro

Chovia corria e frio cortava
Noite densa plano de tela
Cidade deserta dormitava
Luz fraca como se fora de vela.

Do meio do vazio que se sentia
Uma voz pairava de todo incerta
De um vulto que do nada surgia
Talvez de janela ou porta aberta.

A voz do vulto suspirava
Como lua que havia descido
Encantava a noite, mergulhava
Dizia-se dona de tesouro contido.

Possuia o ar e o mistério
O som que se houve sem eu presente
O múrmurio celeste em cemitério
O que se vê sem ser visto de olhar crente.

Só ela sabe tudo o que não se conhece
Enquanto é noite e olho sonhava
É rainha enquanto não amanhece
E foge, galopa, mal Sol raiava.

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