domingo, 28 de fevereiro de 2010

Remoinho, centro e exterior

Há momentos em que apetece assentar. Memórias passadas assaltam a lembrança disfarçadas de confortáveis e lutam contra aquilo que sei que, por agora, é o que posso e quero viver. Há momentos em que o frenesim artístico rodopia à minha frente e eu, sentado, mal consigo abrir os olhos para o observar, quando habitualmente estou meio no centro dele. Quando nestas alturas me deixo adormecer, sinto o sonho cortado e preso por grilhões de diamante e tenho que deles me libertar logo. Felizmente, ainda só depende de mim. Mas hoje, nem me vou deixar adormecer. Nem hoje nem amanhã. Adormecer e descansar para logo depois ter que ir entrar de novo no tal tornado é demasiado cansativo para um preguiçoso por excelência. Se as consequências só se conjugassem na primeira pessoa, ainda ensaiaria essa atitude mais vezes. Mas não. E só depender de mim torna-o numa responsabilidade muito, muito grande. Demasiado grande. Talvez demais para mim. Ainda assim, tomo o fardo daquilo que sou e, sofrendo com isso, evito sair da liberdade total, nem me deixar adormecer.
Mas custa, mesmo. Gostava de poder adormecer sobre o peito de alguém, protegido como só um bebé sabe que está, e sonhar, sonhar, sonhar, descansar sem a inquietude de quem já conheceu o o furacão poético e dele não se quer afastar. É uma liberdade que aprisiona, o que quer que isto signifique. Também por isto este meu blog se chama assim. Não sei mesmo que nome dar a isto. Não é descritível, só o será quando um texto for uma prancha e qualquer paciente leitor salte dela directamente para o meu eu. Mas escrita criativa é isto; ir tentando.

1 comentário:

  1. não é a escrita e a vida de todos nós?
    mesmo que adormecas a alma, nunca dorme.o sonho persiste. estou errada? *

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Comentários