domingo, 21 de fevereiro de 2010

Neolomentos

Ainda bem que nasci com algum jeito para a escrita, em vez de nascer mais virado para a cantoria. É que voz só há uma, e dedos, tenho-os dez. Para além disso, podemos ocasionalmente ficar afónicos. Dedónicos nunca. Por alguma razão a palavra nem sequer existe. Engraçado, isto; tudo o que existe, ou já foi pelo menos imaginado, tem uma palavra, um representante neste mundo das letras. Surge uma coisa nova, automaticamente há palavra nova. E no fundo de isto tudo, deixo dois desejos, o segundo muito relacionado com o primeiro: o de querer saber coisas inapalavradas e não lhes encontrar descrição, e que se faça justiça para aquelas cujas palavras encontradas são demasiado curtas e redutoras. Vá lá, amor só com quatro letras? Poesia, cinco? Paixão, seis? Que sejam sentidas, porque só descritas, são muito pobres.

2 comentários:

  1. Muito bom.
    Até agora um dos meus textos favoritos de sempre (:

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  2. Eu cerealo. E festinho o Floppy.

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Comentários