terça-feira, 31 de agosto de 2010
Racionalidade
A racionalidade deixa-nos ver as 7 cores do arco-íris. A falta dela permite-me sonhar com o pote de ouro no seu final.
Era uma vez
Era
Foi
Será.
Não, serão.
Basta de histórias de tempo passado
Que dizem nunca terem vivido
Quero magia num reino encantado
Mas uma que tenha existido
E que ainda hoje viva
E que pelo futuro sobreviva
Longe dos pontos finais que a matam
E dos "viveram felizes para sempre" mentirosos
Esses finais são tão famosos
Mas, Deus, já fartam.
Não aniquilem histórias de amor
De princípes e princesas
Não foram uma nem duas
Serão muitas, muitas vezes.
Foi
Será.
Não, serão.
Basta de histórias de tempo passado
Que dizem nunca terem vivido
Quero magia num reino encantado
Mas uma que tenha existido
E que ainda hoje viva
E que pelo futuro sobreviva
Longe dos pontos finais que a matam
E dos "viveram felizes para sempre" mentirosos
Esses finais são tão famosos
Mas, Deus, já fartam.
Não aniquilem histórias de amor
De princípes e princesas
Não foram uma nem duas
Serão muitas, muitas vezes.
Pintas
Vi-te no jardim e sem te conhecer soube uma vida a dois que nunca vivemos mas me passou nos olhos como num filme. Chamam-lhe amor à primeira vista, e que morra agora se eu não acredito nele, mas não foram os olhos os espelhos da tua alma. Foram as pintas abaixo deles. Sardas é o nome delas, mas se em momentos de carinho tas quiser tratar por diminutivo, ficariam sardinhas, e isso fica mal. Pintas, pintinhas. As pintinhas nas tuas faces eram o tipo de diferença que distingue pessoas de pessoas, que te distinguia das muitas raparigas que já fitei ao longo da minha vida. Eram pintinhas da cor do chocolate, doces, tão doces, que quase chorei por saber que nunca as provaria. Porque a vida é assim; os olhos param e a mente sonha, mas o caminho queima e os pés não se imobilizam. Um dia hão-de fazer um golpe de estado a esse ditador chamado tempo, eu hei-de voltar ao jardim e contar-te as pintas da cara, e dizer-te a tua cara é um céu e elas foram as estrelas que um dia que embalaram à noite.
Escolha
Abro a janela e só ouço choro e gritos, fecho-a e parecem aumentar. Vejo as mentiras vencerem a verdade, vejo a inveja conquistar a força de vontade, vejo o dinheiro a comprar falsos sentimentos. Vejo máscaras de plástico, vejo amigos de ferro e vidro, vejo pessoas que pela trela levam outras, numa enorme cadeia de depressão e interesse desinteressado. Sobre as cores da criação foram postas fábricas e quilos de lixo, e quem as lá coloca não se importa se os seus filhos terão amanhã água que beber. Nem a chuva que constante cai parece acordar esta pasmaceira só cortada pela euforia do sofrimento alheio, que tanto dura como um fósforo ao vento. Por momentos, sinto que é sendo romano nesta Roma pouco imperial que poderei conquistar aquilo a que penso corresponder a felicidade. Mas não, entre o cinzento escuro lá de fora e o pouco de cor que tenho para dar, vão ter que levar comigo, porque eu, eu escolho amar.
Destino
Mil caminhos à minha frente
Mil milhões que não caminhei
Sei que cada um será diferente
O melhor é que nunca saberei.
Perco um transporte
Encontro o amor paixão comprida
Piso ali encontro a morte
Brisa suave e continuo a vida.
É tudo efeito borboleta
Liberdade enfeitada ilusão
Mais depressa um poeta é maneta
Do que eu mando no coração.
Este caminho de caminhos
Não sou eu quem defino
Não sei que lhe hei-de chamar
Diz-se por aí que é Destino.
Mil milhões que não caminhei
Sei que cada um será diferente
O melhor é que nunca saberei.
Perco um transporte
Encontro o amor paixão comprida
Piso ali encontro a morte
Brisa suave e continuo a vida.
É tudo efeito borboleta
Liberdade enfeitada ilusão
Mais depressa um poeta é maneta
Do que eu mando no coração.
Este caminho de caminhos
Não sou eu quem defino
Não sei que lhe hei-de chamar
Diz-se por aí que é Destino.
Saudade
Avó, depois do meu cãozinho ter morrido, tenho sentido uma coisa esquisita aqui na barriga e na garganta, e parece mais forte quando, à noite, choro um bocadinho porque me lembro dele. O que é avó? Não me parece uma coisa muito má, sabes, por um lado até sabe bem... Querida, o que tu sentes é algo que nasceu aqui mesmo, no nosso Portugal. É verdade, os sentimentos têm origens e vida própria, sabes, e esse que te parece queimar a tua pequena garganta é o mesmo que queimou a das mulheres que viram os seus homens partirem em barcos em busca de algo que nem sabiam existir. Quando se ama muito alguém, ou algo, e essa coisa desaparece, logo essa emoção toma conta de nós. E ficamos tristes, ou zangados. Sim, lembras-te da história daquele príncipe que mou muito aquela aia espanhola? Quando fizeram mal ao seu amor, e ele percebeu que nunca mais a veria, ficou muito triste, mas também muito zangado. Na verdade, as pessoas fazem muitas coisas para combater esse sentimento muito triste, umas guardam coisas que as fazem lembrar aquilo que perderam, outras tentam simplesmente esquecer (nenhuma consegue), outras partem à procura do que perderam, outras só choram. Tu choras, meu amor, porque se a água lava as mãos, as lágrimas lavam o nosso coração. E é um sentimento tão português que a nossa música mais famosa tem um nome que significa exactamente a mesma coisa, que é o Fado. Tambem é um tipo de música muito triste, mas a avó gosta muito. E sabes, em mais nenhuma língua do mundo inteiro (e há muitas, muitas!) existe uma tradução directa para este sentimento. Só aqui, neste pequeno país de grandes corações e coragens, se pode dizer que se sente a saudade.
Aos leitores
Graças a uma amiga minha tive uma pequena ideia, que penso poder vir a tornar-se interessante. Convido os leitores aqui do blog a, se desejarem, dizerem-me através de um comentário uma palavra, expressão, objecto, qualquer coisa, que gostassem de ver desenvolvida em texto ou poema, acabando essa palavra/expressão por funcionar como título ao post correspondente. Fico à espera das vossas ideias/ pedidos!
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Embalo e voo
Adoro deitar-me sobre o teu peito e adormecer embalado pela música que os teus olhos me cantam, eu que nem sei quem és realmente. Porém, mal fecho os olhos, aquecidos pelo conforto que me dás, sonho com o que está para além das paredes e os braços que momentos antes eram um oásis no deserto frio, rapidamente me parecem uma gaiola e eu um pássaro sem asas que só quer voar. E voo. E quando saio o Sol brilha, mas subo até queimar as asas que não tenho e logo começa a tempestade e o frio e a chuva, e só quero voltar para a canção de embalar que me és. Quem me dera conhecer-te e por lá conseguir ficar para sempre, mas nem a mim me conheço, e acho que me vou ficar por este ciclo bem menos mágico que o das fases da lua.
domingo, 29 de agosto de 2010
Vocare
Com os meus vi outros
Olhos
Da côr do céu e da côr do mar.
E pareceu-me ouvir o gritar
Das gaivotas e das sereias que cantam
No mesmo mar.
Pode ser que quando o Sol renascer
Ou quando a cigarra cantar
Os olhos azuis da côr do mar
Resolvam de novo aparecer.
Perdido no tempo e no espaço
Preso num corpo que não tem asas
Vou-me sentar, deitar, esperar, sonhar
E os olhos hei-de assim encontrar
Quando o horizonte for quebrado
E por eles ali for achado.
Porque a fantasia que um dia vemos
E desaparece
Acredito eu que só adormece
E neste dia em que o Sol embala
E a Lua aquece
Tudo o que vivemos e vimos
E vorazmente sentimos
Voltará em todo o seu esplendor e glória
Matando a expressão memória e fazendo de tudo
Tudo,
Presente.
E quando este dia chegar, os poetas ouvirão um chamamento. Vai tocar uma corneta e aqueles que uma dia desejaram ser mais que três tempos sorrirão, por fim.
Olhos
Da côr do céu e da côr do mar.
E pareceu-me ouvir o gritar
Das gaivotas e das sereias que cantam
No mesmo mar.
Pode ser que quando o Sol renascer
Ou quando a cigarra cantar
Os olhos azuis da côr do mar
Resolvam de novo aparecer.
Perdido no tempo e no espaço
Preso num corpo que não tem asas
Vou-me sentar, deitar, esperar, sonhar
E os olhos hei-de assim encontrar
Quando o horizonte for quebrado
E por eles ali for achado.
Porque a fantasia que um dia vemos
E desaparece
Acredito eu que só adormece
E neste dia em que o Sol embala
E a Lua aquece
Tudo o que vivemos e vimos
E vorazmente sentimos
Voltará em todo o seu esplendor e glória
Matando a expressão memória e fazendo de tudo
Tudo,
Presente.
E quando este dia chegar, os poetas ouvirão um chamamento. Vai tocar uma corneta e aqueles que uma dia desejaram ser mais que três tempos sorrirão, por fim.
Manifesto Anti-Ciência
Tenho pena, a sério que sim, das pessoas que só aproveitam da vida aquilo que ela tem para dar. Não, não me enganei. Tenho pena das pessoas que se limitam ao real, ao científico. É a mesma coisa que nos darem ovos e farinha e açucar e aproveitarmos cada uma destas coisas individualmente, de uma forma directa, objectiva, fria. Porque não fazer um bolo? Porque não inventar, recriar? Vivemos mais assim, porque a uma curta e cinzenta realidade acrescentamos-lhe a fantasia, colorida, quente. Quem é que me pode dizer que os desejos das pestanas caídas não se podem realizar, ou que não pode existir algo depois da morte, ou que realmente houve um dia em que os animais falaram? Não é uma questão de serem reais ou não, é por isso que a poesia é diferente da ciência. É uma questão de crença. Eu acredito, torno-o real, mesmo que não o seja. São pequeninas coisas que mal não fazem e decoram este mundo que de mau já tem que chegue. A história cristã diz-nos que foi o conhecimento, a ciência, que nos tirou do Paraíso. Ah, como eu entendo porquê. Não pensem que gostaria de ser ignorante, não; gostava apenas de ser uma inconsciente criança que desconhece o mal e sorri por coisas extraordinárias como doces e colos de Mãe.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Inspiração
A última coisa que o Homem tem é o sonho, porque quando nos for tirada a capacidade de sonhar, ser-nos-á tirada a vida.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
domingo, 8 de agosto de 2010
À beira-rio
Um homem sentia-se perdido, sozinho, desolado pelas partidas que o amor podia pregar. A manhã era de chuva e esse homem andava errante, junto ao rio Tejo, não mais acompanhado que por as gotas do céu e as poças da terra, mais a água que lhe caía dos olhos. Na mente levava a ideia de afogar o coração que tanto lhe gritava, acabar com o sofrimento que a dada altura se tornara insuportável. Ajoelhou-se e enterrou a cara nas mãos, quando sentiu uma terceira poisar-lhe nos ombros. Olhou para trás e não viu ninguém, aparte deum velho que estava sentado num banco de jardim, de olhos fechados, alheio à chuva que caía copiosamente. O homem, indignado, aproximou-se e sentou-se ao lado do velho que, sem que nada o pudesse prever, começou a falar.
Bem sei o que ias fazer, meu filho. Digo-te, não o faças, não é modo de acabares com o maior dom que tens, o da vida. Não, não fales, ouve. É mais importante que falar, na maior parte das vezes. Ah, e muito menos te deves matar por amor, que é só a melhor coisa que vos dei, que te dei. Tu nasceste do amor, cresceste com o amor e, quando morreres, hás-de te deitar no amor. Permite só que o tempo e o espaço te aproximem desse amor eterno, não o procures com tanta ânsia, muito menos ponhas fim à tua vida só pensando que o vais encontrar. Agora, é importante que percebas uma coisa. O amor é gratuito, não tem nada, nada quer, nada almeja. Mas, assim, também nunca deverá ser possuído. O amor é diferente de todos os sentimentos, é talvez o único deles que não podes controlar, o mais selvagem. Claro que traz consequências como as que estás a sofrer, mas o amor é tão superior a isso. Escuta, o amor é como uma herança, uma herança que te deixei. Os teus filhos não são teus filhos, nem tu o és do teu pai. Toda e qualquer criatura nasceu do amor, e a ele pertencem. Assim, os teus filhos vão nascer do teu corpo, mas não de ti. Vão estar contigo , mas não te vão pertencer. Podes-lhes dar do teu amor mas não o modo como eles um dia amarão e, assim, cada coração é único e de igual valor para mim. Faz dele um rio, um leito desta corrente imparável, abre-o ao amor onde ele mesmo flutua. É tão fácil, é só quereres. E não me queiras levar no coração, fica-te pela certeza de que vais mas ficas no meu.
Bem sei o que ias fazer, meu filho. Digo-te, não o faças, não é modo de acabares com o maior dom que tens, o da vida. Não, não fales, ouve. É mais importante que falar, na maior parte das vezes. Ah, e muito menos te deves matar por amor, que é só a melhor coisa que vos dei, que te dei. Tu nasceste do amor, cresceste com o amor e, quando morreres, hás-de te deitar no amor. Permite só que o tempo e o espaço te aproximem desse amor eterno, não o procures com tanta ânsia, muito menos ponhas fim à tua vida só pensando que o vais encontrar. Agora, é importante que percebas uma coisa. O amor é gratuito, não tem nada, nada quer, nada almeja. Mas, assim, também nunca deverá ser possuído. O amor é diferente de todos os sentimentos, é talvez o único deles que não podes controlar, o mais selvagem. Claro que traz consequências como as que estás a sofrer, mas o amor é tão superior a isso. Escuta, o amor é como uma herança, uma herança que te deixei. Os teus filhos não são teus filhos, nem tu o és do teu pai. Toda e qualquer criatura nasceu do amor, e a ele pertencem. Assim, os teus filhos vão nascer do teu corpo, mas não de ti. Vão estar contigo , mas não te vão pertencer. Podes-lhes dar do teu amor mas não o modo como eles um dia amarão e, assim, cada coração é único e de igual valor para mim. Faz dele um rio, um leito desta corrente imparável, abre-o ao amor onde ele mesmo flutua. É tão fácil, é só quereres. E não me queiras levar no coração, fica-te pela certeza de que vais mas ficas no meu.
sábado, 7 de agosto de 2010
«
Fecha os olhos.
Fecha os olhos e, sem que te custe muito, recorda um local, um em que tenhas sido feliz, muito feliz. Um local fisicamente distante, um que provavelmente só visitaste uma vez. Recorda-o, deixa que da tua imaginação para a tua cabeça escorram momentos, cores, sabores, cheiros. O local existe, apesar de parecer tão distante, tão... mágico. É real. Se for noite, imagina o local deserto, talvez uma planta a abanar ao sabor da brisa que corre. Se for dia, imagina-o recheado de pessoas e vida, reais, que podem perfeitamente lá estar, agora. Como, aliás, tu estás. Se quiseres, pensa na janela no teu quarto e, sem que o faças (não quebres o encanto), imagina que se nela te debruçasses verias este sítio, tãp perto, tão palpável. Não é bom? Não te sabe bem?
"Águas passadas não movem moinhos", dizem eles. Não, não ouças quem te diz que o passado já lá vai. Ah, e deixa as fotografias, tão sem vida. Agarra-te às memórias, se te parecerem cinzentas e paradas, pinta-as e dá-lhes vida. Vive-as de novo, faz-de-conta que és Deus e tens um comando para a tua vida.
Às vezes, as memórias, são tudo o que temos, ou pelo menos o melhor. Aproveita-as.
Fecha os olhos e, sem que te custe muito, recorda um local, um em que tenhas sido feliz, muito feliz. Um local fisicamente distante, um que provavelmente só visitaste uma vez. Recorda-o, deixa que da tua imaginação para a tua cabeça escorram momentos, cores, sabores, cheiros. O local existe, apesar de parecer tão distante, tão... mágico. É real. Se for noite, imagina o local deserto, talvez uma planta a abanar ao sabor da brisa que corre. Se for dia, imagina-o recheado de pessoas e vida, reais, que podem perfeitamente lá estar, agora. Como, aliás, tu estás. Se quiseres, pensa na janela no teu quarto e, sem que o faças (não quebres o encanto), imagina que se nela te debruçasses verias este sítio, tãp perto, tão palpável. Não é bom? Não te sabe bem?
"Águas passadas não movem moinhos", dizem eles. Não, não ouças quem te diz que o passado já lá vai. Ah, e deixa as fotografias, tão sem vida. Agarra-te às memórias, se te parecerem cinzentas e paradas, pinta-as e dá-lhes vida. Vive-as de novo, faz-de-conta que és Deus e tens um comando para a tua vida.
Às vezes, as memórias, são tudo o que temos, ou pelo menos o melhor. Aproveita-as.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
Antítese
Sei que sou maior que o meu corpo
Sei que tenho cada asa atada
Mas esta inconstância, esta minha encruzilhada
É um furacão com força de sopro
Uma bagunça arrumada
Uma bonita confusão
Que nem é cabeça nem é coração
É uma antítese tão harmonizada.
Sei que tenho cada asa atada
Mas esta inconstância, esta minha encruzilhada
É um furacão com força de sopro
Uma bagunça arrumada
Uma bonita confusão
Que nem é cabeça nem é coração
É uma antítese tão harmonizada.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
...
"Não acredites que tens Deus no coração, criança, acredita antes que tu estás no coração de Deus."
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
A fonte dos desejos
Em frente à fonte dos desejos estavam um velho, um homem adulto, um jovem e uma criança. O velho deu um passo em frente, atirou uma moeda e pediu: "Para mim, quero toda a saúde do mundo." E a fonte deu-lhe toda a saúde do mundo. Depois o homem deu um passo em frente e pediu: "Para mim, quero todo o dinheiro do mundo." E a fonte deu-lhe todo o dinheiro do mundo. A seguir, o jovem deu um passo em frente e pediu: "Para mim, quero a vida do mundo, quero viver para sempre." E a fonte deu-lhe a vida de todo o mundo. Entretanto, estas três personagens percebam como os seus desejos se anulavam mutuamente; o velho sem dinheiro não podia sustentar a sua saúde, e os anos que iam para o jovem matariam-no brevemente, bem como ao homem, a quem o dinheiro pouco ajudaria. Por outro lado, o jovem percebeu que viveria para sempre sem dinheiro e sem saúde, portanto, em permanente agonia. Começaram então a discutir e a esbofetear-se, lutando pelos desejos uns dos outros. Enquanto isso, a criança aproximou-se da fonte e, sussurrando, pediu: "Fonte, eu só quero acabar com isto. Quero que não haja ódio no mundo, não quero mais notícias feias na televisão que me dá os desenhos animados. Pode ser?" Então, a fonte fez com que o dinheiro, a saúde e a vida saíssem das mãos do velho, do homem e do jovem e deu-os à criança, que saiu a usá-los. não para seu próprio usufruto, mas para pintar o cinzento da Terra com as cores do seu sorriso.
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Largo horizonte
Estranho no céu
Estranhos na terra
É por isso que o amor sussurra
É por isso que o ódio berra.
Estranhos na terra
É por isso que o amor sussurra
É por isso que o ódio berra.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
Leva-me
Vento, se és vagabundo e não tens morada, se vês tudo e não possuis nada, se sopras o oceano e o mar e o rio e o lago e a poça, se és frio e quente se és amor e ódio de gente, se quando queres és furioso e calma, se tens tanto corpo quanto a minha alma, só te posso pedir ma coisa: leva-me contigo.
Em branco
Há histórias por contar
Músicas por cantar
Poemas por escrever
Passos por dar
Pessoas por conhecer
Viagens por ir
Paisagens por ver
Missões por cumprir
Há brancos sem sabor
Ainda há pretos por colorir
Há de nós por pôr.
A vida é uma caderneta virgem de cromos, vasos sem plantas e flores, a vida são muitos e muitos livros para colorir.
Vamos, pega num lápis. Amanhã podes não ter mãos.
Músicas por cantar
Poemas por escrever
Passos por dar
Pessoas por conhecer
Viagens por ir
Paisagens por ver
Missões por cumprir
Há brancos sem sabor
Ainda há pretos por colorir
Há de nós por pôr.
A vida é uma caderneta virgem de cromos, vasos sem plantas e flores, a vida são muitos e muitos livros para colorir.
Vamos, pega num lápis. Amanhã podes não ter mãos.
domingo, 1 de agosto de 2010
A criação de um elemento
Era uma vez um esquilo. Como muitos esquilos, enterrava bem fundo as bolotas que encontrava e, como alguns, esquecia-se delas ou do local, provocando, daí a muitos anos, o nascimento de um novo sobreiro. Mas este esquilo, caso contrário não teria porque entrar num conto que o imortalizasse (as coisinhas comuns são assim, já vivem para sempre só por si, e não têm direito a história só por si), plantou algo de diferente...
Estava deitado à sombra de um sobreiro, entregue aos seus pensamentos de animal, sim, porque os têm, olhando para as bolotas penduradas no céu, como se fossem estrelas. Pensava no quão complicado era por vezes apanhá-las, no tesouro que se tornavam exactamente por isso. Tudo o que é raro e díficil de obter ganha valor, mas depende sempre da capacidade de quem o procura. Para nós, humanos, bolotas nunca terão muito valor, porque as apanhamos fácilmente, na loja ao fundo da rua. Para os esquilos, dinheiro e ouro e carros nunca terão valor nenhum, porque não lhes fazem falta alguma, nunca farão. É uma questão de vontades, e de necessidades (não o será tudo?). Por serem tão valiosas, quando as apanhava, ou as comia de imediato, se fosse hora de pequeno-almoço, ou a enterrava, qual pirata com o seu pote de ouro.
Imaginava-se já a mergulhar num mar imenso de bolotas quando os olhos lhe começaram a pesar e, quase sem dar por isso, adormeceu. E teve um sonho. Quando acordou, estava em êxtase. Tinha sonhado com algo maravilhoso, algo que iria ser uma grande revolução na vida dos pequenos esquilos. Antes que se esquecesse, pegou no seu sonho e enterrou-o, bem fundo. E com o indicador da mão direita escreveu lá algo na terra.
Muitos e muitos anos depois, andavam muitos esquilos por ali, alguns a subir a árvores para apanharem o seu alimento, quando algo aconteceu. Algo invísivel e sem sabor e sem cor apareceu e, com força, abanou os altos e imponentes sobreiros, fazendo as bolotas choverem cá para baixo. Os esquilos regozijaram com aquele acontecimento, que daí para a frente aconteceu muito mais vezes. E esta deslocação de ar apagou uma inscrição há muito escrita nas terras daquele bosque, que uniram então o criador à criação, o sonho ao sonhador.
Elemento terra
A ti novo elemento
Que sonhei e nascerá
E chamar-se-á vento.
Estava deitado à sombra de um sobreiro, entregue aos seus pensamentos de animal, sim, porque os têm, olhando para as bolotas penduradas no céu, como se fossem estrelas. Pensava no quão complicado era por vezes apanhá-las, no tesouro que se tornavam exactamente por isso. Tudo o que é raro e díficil de obter ganha valor, mas depende sempre da capacidade de quem o procura. Para nós, humanos, bolotas nunca terão muito valor, porque as apanhamos fácilmente, na loja ao fundo da rua. Para os esquilos, dinheiro e ouro e carros nunca terão valor nenhum, porque não lhes fazem falta alguma, nunca farão. É uma questão de vontades, e de necessidades (não o será tudo?). Por serem tão valiosas, quando as apanhava, ou as comia de imediato, se fosse hora de pequeno-almoço, ou a enterrava, qual pirata com o seu pote de ouro.
Imaginava-se já a mergulhar num mar imenso de bolotas quando os olhos lhe começaram a pesar e, quase sem dar por isso, adormeceu. E teve um sonho. Quando acordou, estava em êxtase. Tinha sonhado com algo maravilhoso, algo que iria ser uma grande revolução na vida dos pequenos esquilos. Antes que se esquecesse, pegou no seu sonho e enterrou-o, bem fundo. E com o indicador da mão direita escreveu lá algo na terra.
Muitos e muitos anos depois, andavam muitos esquilos por ali, alguns a subir a árvores para apanharem o seu alimento, quando algo aconteceu. Algo invísivel e sem sabor e sem cor apareceu e, com força, abanou os altos e imponentes sobreiros, fazendo as bolotas choverem cá para baixo. Os esquilos regozijaram com aquele acontecimento, que daí para a frente aconteceu muito mais vezes. E esta deslocação de ar apagou uma inscrição há muito escrita nas terras daquele bosque, que uniram então o criador à criação, o sonho ao sonhador.
Elemento terra
A ti novo elemento
Que sonhei e nascerá
E chamar-se-á vento.
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