sexta-feira, 16 de abril de 2010

Asas na gaiola

Ontem estava lá por casa e, graças ao meu modo de estar meio desajeitado, derrubei a gaiola de um passarinho que tenho. Claro que ele tentou logo fugir, mas não conseguiu; uns minutos depois, lá o apanhei. O que me fez pensar numa coisa. Um dos maiores sonhos do ser humano sempre foi voar. É um sonho também meu, afinal sou humano. E ali, à minha frente estava um ser que possui duas asas e realmente pode voar. E onde é que ele vive e muito provavelmente vai morrer? Numa gaiola! Claro que me podem dizer que se o soltasse, não sobreviveria mais de um dia, com sorte dois. Sim, é verdade. Mas eu preferiria morrer amanhã livre do que viver para sempre preso. Por isso é que ele tentou fugir, ele sabe que o caminho os ares que cortaria o levariam à morte mas pelo menos sentiria a chuva e bater-lhe no pequeno e frágil corpo, veria paisagens, conheceria um mundo para além das grades que sempre o encarceraram. Sim, morreria pássaro, que é aquilo a que todos os pássaros deveriam ter direito. Agora eu percebo Ícaro, a personagem mitológica que, após o pai, Dédalo, lhe conseguir dar asas, voou tão alto aproximou-se tanto do Sol que acabou por ficar sem asas e cair no longo mar. Ícaro provavelmente saberia que ia morrer, mas a liberdade é um conceito que se sobrepõe ao do tempo.

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