terça-feira, 24 de maio de 2011

Não sei que título dar a isto

Eu sempre fui um poço cheio, até encontrar alguém que tinha mais sede do que eu.

Com a prenda do padrinho

[refrão:]
Com a prenda do padrinho
A partir de agora, eu tenho
(verde, amarelo, azul-marinho,
encarnado, preto e castanho)[bis]


De verde pintei a campina
sorridente ao sol da manhã
(amarela era a flor pequenina
qu'eu colhi para dar à mamã)[bis]

[refrão]

De azul pintei o mar sem fim
e de azul o céu vai aparecer
(encarnada era a rosa ao pé de mim
de tão linda nem a pude colher)[bis]

[refrão]

De preto pintei a noite escura
onde ninguém se quer aventurar
(castanha era a árvore madura
com tantos frutos a enfeitar)[bis]

José Barata Moura

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Plataforma

Atenção senhores passageiros, andai
Que vai chegando o comboio que é devido
Já não é o tempo restante comprido
Por isso as vossas bagagens enchei e carregai.

Malas enormes, outras muito pequenas
Abertas, nem que pouco, todas elas
Carregadas devagar, como chama de velas
Tardes de chuva ou manhãs amenas.

Caladas as bocas do que é fala
Os olhos, esses, nenhuns se calavam
No silêncio do que sentiam falavam
Consoante o que (não) traziam na mala.

Olhei a minha, já esperante
Da carruagem que por mim chegaria
E nela vi o que nela trazia
Cada objecto um relógio falante.

Pessoas, sonhos, e tesouros.
Que valiam como ponteiros no espaço
Cada um beijo, cada um abraço
Aos seus olhos azuis, e cabelos louros.

Ah, tempo perdido, e mesmo o ganho já saudade
O que tenho e de que posso fazer uso?
O tempo que mas deu, é agora intruso
Leva-me daqui, para longe da realidade.

Atenção senhores passageiros, andai
Que vai chegando o comboio que é devido
Já não é o tempo restante comprido
Por isso as vossas bagagens enchei e carregai.

A vida rica vira pobre, é assim norma
Chega o comboio, e leva-me a bagagem
Eu fico, tanto real quanto miragem
Na indefinida e desconhecida plataforma.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Puzzle

Não me           peças,          constrói-me.

O Silêncio, outra vez.

De súbito, as palavras não chegam. São pequeninas mesmo que com mil letras, e Deus sabe que eu amo as letras. É verdade que as palavras dizem muito, e até o dizem de uma maneira bonita, mas não dizem tudo, não podem dizer tudo. Disse-te que tudo o que existia tinha nome. Menti. Sem querer. Há coisas sem nome, sem palavra. Há coisas que só acontecem, só se sentem, só são verdade. Dizê-las é mentir, porque não se diz, não se diz! O que é que é suposto eu escrever agora? A poesia são palavras e letras, sim, mas é chegado o momento glorioso da vida de um poeta em não há métrica nem figuras de estilo onde se possa enfiar tudo aquilo que se quer dizer. Eu não quero dizer, e já me calei. Tudo há-de ser dito, em silêncios. Sem medos, nem pressas.

Confortos

Adoro andar à chuva, principalmente quando estou na cama a escrever sobre isso.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Óasis

A areia queimava-me os pés, aquecida pelo Sol que outrora fazia parte de um sonho e não do pesadelo. Água era um pretérito-imperfeito, doutra maneira poderia ser futuro. E eu já não acreditava no futuro, pelo menos não em um diferente do hoje e igual ao de ontem. A dor nem sequer era sentida, aliás a dor era o não sentir. Água, água, água, onde andas? Tive-te na mão, de ti bebi, eras espelho sem sequer reflectires a minha cara. Podia para e só morrer, mas a esperança é a última a morrer e se eu parasse ela morreria antes de mim. Ah, a esperança não me movia, eu é que a mantinha viva, como aquelas pessoas que não apagam os fósforos tão só e apenas porque ainda há madeiro para queimar. E esta nem me queimava os dedos... À frente, água e plantas e flores e, enfim, vida. Parei. Se for uma miragem, poderei parar de vez, mais vale andar sem destino do que parar  para conhecer o último (valerá?). Se não for mesmo água... Oh, esqueçam, já não posso voltar atrás.

sábado, 14 de maio de 2011

O Silêncio

Cala-te.
Estou farto de não te ouvir,
Farto das tuas palavras vazias de palavra.
Cala-te.
Não torno a repetir.
Que é mais doce a calada larva
Pronta a crescer e florir.

Se não falam as folhas azul contra
Ou as pedras velhas da calçada
Porque falas tu, danada
Usando dos dentes vazia montra?

O som é barato e de comum uso
Tudo o pensado é também falado
O sentido, esse, é o ouro
Descoberto nas minas do silêncio calado.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Tu

Enches-me de silêncio, de sorrisos, de cores, de ti. E eu tenho tanto para encher...

terça-feira, 10 de maio de 2011

A estupidez

Foi antes do Sol nascer que as cores e o silêncio começaram, e foi depois de ele despontar no céu que deixaram de ser vividas. Não sei se foram momentos, horas, dias ou uma vida, afinal de contas, não é uma questão de tempo.

domingo, 8 de maio de 2011

Um sonho acordado

Juro que queria pôr uma foto do Jardim da Estrela como fundo do blogue, mas eu e as tecnologias temos uma relação difícil. Fica ao lado, pequenina. Entretanto calhou que eu fosse lá ontem (ontem Sexta e não ontem Sábado, é que apesar de já serem quase 5 da manhã para mim é Sábado até que o Sol nasça) e uma música tornou-se numa espécie de fundo estranhamente harmonioso para o Jardim. São agora, na minha cabeça, indissociáceis. Aqui está ela: