quarta-feira, 2 de junho de 2010

Pequeno

Estou preso a um corpo a um tempo e um espaço, hei-de querer, voar e não poder, ver todas as pessoas, saborear cada brisa, contemplar todas as paisagens, sorrir cada vento de felicidade, e não conseguir. Há-de haver por aí perdida por dimensões paralelas a minha vida ideal e hei-de estar condicionado pelos limites de coisas tão arbitrárias como a Sorte. Há-de numa rua estar à minha espera um momento de alegria, noutra um de pura adrenalina, hei-de querer viver os dois e não chegar a tempo de nenhum. Hei-de querer ser outro e ser sempre o mesmo. Hei-de querer ser todos, e não ser nenhum. Hei-de querer, já quero, queria, porque não posso. Ah, ser formiga, ser insecto, ser enorme no meu pequeno mundo e não querer e poder questionar e desejar o voo do pássaro, querendo só saber que ele me quer comer, sem saber porquê, e achar longa a minha curta vida.

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