quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Sem título

Porque não te levantas menino, e beijas de volta o mar que te beija a face? Porque não procuras mais tesouros, ou fazes castelos como os que desenhaste em casa? Não te levantas porque estás morto. Frio como esse mar frio, mar morto, morto do sal das lágrimas que te choram. O teu irmão rendeu-se, sem saber de quê, de quem, rendeu-se. Porque não te rendeste tu? Roubaram-te tudo, o tecto, os teus, todos os teus anos para fazer brotar amor nas terras áridas onde não é fértil. Perdoa-me menino. Perdoa-me por essas marés em que não te vejo, por todos esses meninos e meninas e homens e mulheres irmãos teus que não olho, que julgo meros grãos desse imenso areal que a espuma leva. Deram-me tudo menino. Beijei de volta o mar, procurei tesouros, fiz castelos com muralhas que agora derrubas e fazes em pó. Levanta-te em mim e levanta-me, leva-me e por favor, vem sempre comigo. 

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