quarta-feira, 10 de junho de 2015

Alado

O pássaro canta para mim. Na sua poesia assobiada, sossega-me; pede-me que não tanto anseie voar como ele. Diz-me que também voo mas mais que isso caminho, e que nesse caminho abraço e dou a mão enquanto a ele tudo foge. Voam dele os amores e as cores ao longe são manchas até que poise, como eu, e até que a sua natureza num bater de asa o leve de novo ao céu. O leve de si. Chora-me paixões apontando-me as nuvens que só se vêem e mal são o que quer que seja, somente sonhos. Vai tecendo um canto que me embala e mostra que tenho o mundo na mão e a sua cara. Adormece-me, por fim, e faz-me sonhar, mostra-me que as minhas penas são beijos e eu voo na sua vez, rasgo os céus e amo-os, como nunca o pássaro poderá amar.

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