quarta-feira, 9 de maio de 2012
Da escada
A brisa que bate na janela é de ventos de maio, mas não sei em que mês estou. Nem quem sou, nem de onde venho. Sei tanto quanto sabia quando nasci, quem me dera ter sabido mais nessa altura. É que agora, nem respirar. Estás de frente para mim e nem no Japão estarias mais longe. Na cozinha, os nossos amigos riem descontraídos, quando a vida pouco pesa, a gargalhada é fácil. E tu, sorris porquê? Nesta sala quente e castanha, levas-me por tornados frios de cores e mal sabes tu que o sofá é para mim um tapete voador e os teus olhos quarenta ladrões. Dizer-to, eu, nunca. Para se dizer alguma coisa a alguém, em segredo, é fundamental que o seu ouvido esteja à altura dos nossos lábios e há muito que percebi que, não sendo tu mais alta que eu, estás muito, muito acima. O amor é uma escada que nem desde nem sobe, ou melhor, pode subir e pode descer, não importa, apenas importa que quem nela caminha pise o mesmo degrau, por mais parco em espaço que ele seja. Se for mais acima, pode tropeçar, se vier abaixo, não vê nem quer o mesmo. Eles voltaram à sala, façamos o brinde. Se é maio, parece-me janeiro, esse que vê o velho e o novo. Eu não vejo nada, ou talvez veja demais e pouco possa tocar. Beijar.
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