sexta-feira, 6 de abril de 2012

Ementa

A vida pode ser tudo
E com tudo pode ser comparada
Partida
Corrida
Chegada
Falador calado
Ou poeta mudo.

A vida pode ser uma moldura
Virada para trás, lembrante
Um pensamento morto e errante
Que só lembra,
Fecha
E não vive.

A vida pode ser uma chávena
Cheia de um néctar delicioso
E se eu o beber calmo, preguiçoso
Saboreio cada gota como última.
Ou bebê-lo de um trago
E ter para sempre o sabor amargo
No tempo em que depois não bebo.

A vida pode ser uma flor
Ter cor
E cheiro e companhia!
Enfeitar sem receber
Ser arrancada para sorriso ver
Desinteressada
Do Sol
Para o Sol.

A vida pode ser um jogo
Mais de bola ou mais de gravata
De mão dada ou de mata-mata
De uma doce vitória
Ou de um fim sem glória
Para quem ganha sem ganhar.

A vida pode ser tabaco
E ser fumada sem em nada pensar
Só fazer, não preparar
O hoje é hoje, pois
O amanhã
Esse
Vem depois.
(E que não venha, a saudade é só para o ontem)

A  vida pode ser um copo
Vazio de tudo
Ou cheio de nada
O copo é nosso
E a torneira
Nunca é fechada.

A vida pode ser um relógio
Passar devagarinho
Malandra se a passo sozinho
Fugaz se acompanhado.
E o relógio pode parar
Seja a hora da morte depois
Da hora do despertar.

A vida pode ser um lápis
E desenhar vidas,
Sem tinta.
Um lápis com um coração que sinta
E bombeie
Sincero
E minta.

A vida pode ser uma cortina
E a paisagem, a mais bela.
Cortina fechada, interior quente
Mas a alma o que não vê sente
E sonha com o que há para além dela.

A vida pode ser uma porta
Aberta
Torta ou certa.
Espaço há, haja vontade
De sair, saltar a grade!
Ficar
Ficar é que não.

A vida pode ser tudo.
O que estás aí a fazer?





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