sábado, 31 de julho de 2010
Claves e sóis
Se a música fossem flores, a poesia seriam plantas. É que a música, a boa música, tem um poder que a poesia não consegue ter, um pouco porque a música é um género de nível avançado da poesia. Ou talvez a música dê só voz e braços e extensão à poesia, sim, é isso. Afinal, sempre são como flores e plantas. Mas não se opoem. Completam-se.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Por inteiro
Um rapaz e uma rapariga cruzam-se na praia, desconhecidos, trocam olhares, sorriem, não param, continuam a andar. Não ficam com o desejo de se voltar a ver, é certo, mas eu, eu vejo outra coisa, que me angustia. Nunca mais se voltarão a ver. Duas imensas vidas cheias de imensa imensidão, passada infância e papas e lápis, presente aspecto e fogo e força, futuros filhos e netos e morte. Cruzam-se num aleatório ponto de encontro de espaço e tempo e fim, é só isso, nunca passarão de algo semelhante a figurantes na vida de cada um. Eu não quero isto, incomoda-me. Incomoda-me saber que de tudo só temos migalhas, a nossa vida é na verdade migalhinhas de tudo o que pode ser vivido. Venham-me entendidos defender o carpe diem e o aproveitar o hoje, mas o que é isso, contentar-mo-nos com o que temos? Dizem também que o sonho comanda a vida. Pois bem, eu sonho com tudo. Ver tudo, ouvir tudo, cheirar tudo, saborear tudo, tocar tudo. Sentir, conhecer, saber tudo. Não perceber, que para adulto já me basta a idade e as obrigações. Dessem-me que a garantia que a morte dava-me braços de mil metros e, por Deus!, matava-me agora. Somos tããããão pequenos,e acha-mo-nos tãããão grandes. Pessoa dizia que somos do tamanho dos nossos sonhos... eu não quero ter tamanho, porque medidas e quilos e carnes são só limites, não quero um corpo, a minha alma só quer asas.
quinta-feira, 29 de julho de 2010
Asas
Sonhei que podia voar.
O ar físico como é o mar
E braçadas elevavam-me a um sonho
Dentro do sono, e do sonho.
Mas sabia que estava a sonhar.
Inconscientemente consciente,
Era uma criança que fica contente
Com o simples mundo à sua volta
Pequeno, aberto sem revolta
A pobrezas como sorrisos
E cães e baloiços e frisos
De vida que logo aqui aparecem.
Às vezes acordar não é uma benção...
O ar físico como é o mar
E braçadas elevavam-me a um sonho
Dentro do sono, e do sonho.
Mas sabia que estava a sonhar.
Inconscientemente consciente,
Era uma criança que fica contente
Com o simples mundo à sua volta
Pequeno, aberto sem revolta
A pobrezas como sorrisos
E cães e baloiços e frisos
De vida que logo aqui aparecem.
Às vezes acordar não é uma benção...
sábado, 3 de julho de 2010
Uma personagem
Sou um amante de personagens, desde o mítico Chuck Norris ao fantástico Sonic, personagens que ao longo da minha e a de muitas vidas foram ficando nas nossas memórias. No entanto, aquela que mais me fascina até luta do lado do mal... falo do Joker, o inimigo do super-herói Batman. A personagem em si é já antiga, mas na verdade apaixonei-me verdadeiramente pela sua interpretação por parte de Heath Ledger no recente Batman - the Dark Night, actor que faleceu mesmo antes do filme estrear. Acho curiosa a maneira como no filme, o Joker ri mesmo perante as adversidades e, apesar de traçar um plano complexo e de maneira meticulosa, várias vezes deixa a sua própria vida à mercê de outros, mostrando alguma indiferença face à própria morte. Por último, existem várias frases e teorias que dão realmente que pensar, mas deixo essa análise para cada pessoa que possa a vir ver o filme.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Um filme
Será mais complicado eleger um único elemento para esta categoria, chamemos-lhe, porque sou de facto um amante de cinema e a longo da minha vida já vi muitos mesmo muitos filmes. De qualquer modo, sempre tive uma paixão peculiar pelo Rei Leão, da Disney, que ainda se mantém um pouco por representar uma ponte para a minha infância. Já o vi inúmeras vezes e de facto as personagens, a história, a mistura entre momentos mais dramáticos com outros menos sérios resulta num intemporal filme de animação, bem ao jeito de Walt Disney.
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Simetria
Há que estabelecer a distância correcta entre a nossa alma e a poesia, se a queremos ver encontrar amar e anunciar. Demasiado longe é impossível de ver mas também o é demasiado perto, tal como a um ponto preto numa folha que demasiado próximo do olho se torna invisível, creio que por atingir o chamado ponto "cego".
Um livro
Lembrei-me, um pouco também devido à falta de inspiração que me tem dado e a todos os motivos de interesse que poderá ter, falar aqui, a cada dia deste mês de algo que me tenha marcado e seja por isso por mim sugerido. Decidi começar por um livro, por razões que creio serem óbvias.
~
Recordo-me de ainda nem andar na escola e estar na minha ama a ver televisão, como muitas vezes acontecia. Não era o meu sítio preferido do mundo, nem perto disso, muito por ser obrigado a estar quieto no mesmo sítio muito tempo seguido, sem fazer nada. Isso fazia com que observasse tudo à minha volta com muita atenção e insistência. Um dia estava ao lado de uma rapariga um pouco mais velha que eu a ver precisamente televisão e, quando apareceu no ecrã a lista da programação para esse dia, ela leu-a em voz alta, mais para si que outra coisa, mas minimamente audível, e lembro-me de olhar para ela assombrado (no bom sentido), absolutamente extasiado com o que ela tinha acabado de fazer. Ela sabe ler, lembro-me de pensar, como se a rapariga tivesse tirado um coelho de uma cartola ou outra mágica semelhante. Assim me apaixonei pela leitura e, mal soube juntar letras e palavras e lê-las, agarrei-me a um livro que tinha lá em casa (sempre tive muitos, e tenho), logo daqueles já grandinhos, sem imagens! Chama-se "O Segredo da Mala Fechada", de Paul-Jacques Bonzon, e sem dúvida marcou-me imenso, de tal modo que o tornei a ler posteriormente e ainda hoje me lembro da história na íntegra. Está muito na linha daqueles contos género Os Sete ou Os Cinco, um pouco menos infantil, mais misterioso e atraente, diria. Basicamente um grupo de amigos e vizinhos encontra um gato domesticado numa mala de um carro abandonado e à medida que procuram o dono deparam-se com misteriosos e bizarros desafios.
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Recordo-me de ainda nem andar na escola e estar na minha ama a ver televisão, como muitas vezes acontecia. Não era o meu sítio preferido do mundo, nem perto disso, muito por ser obrigado a estar quieto no mesmo sítio muito tempo seguido, sem fazer nada. Isso fazia com que observasse tudo à minha volta com muita atenção e insistência. Um dia estava ao lado de uma rapariga um pouco mais velha que eu a ver precisamente televisão e, quando apareceu no ecrã a lista da programação para esse dia, ela leu-a em voz alta, mais para si que outra coisa, mas minimamente audível, e lembro-me de olhar para ela assombrado (no bom sentido), absolutamente extasiado com o que ela tinha acabado de fazer. Ela sabe ler, lembro-me de pensar, como se a rapariga tivesse tirado um coelho de uma cartola ou outra mágica semelhante. Assim me apaixonei pela leitura e, mal soube juntar letras e palavras e lê-las, agarrei-me a um livro que tinha lá em casa (sempre tive muitos, e tenho), logo daqueles já grandinhos, sem imagens! Chama-se "O Segredo da Mala Fechada", de Paul-Jacques Bonzon, e sem dúvida marcou-me imenso, de tal modo que o tornei a ler posteriormente e ainda hoje me lembro da história na íntegra. Está muito na linha daqueles contos género Os Sete ou Os Cinco, um pouco menos infantil, mais misterioso e atraente, diria. Basicamente um grupo de amigos e vizinhos encontra um gato domesticado numa mala de um carro abandonado e à medida que procuram o dono deparam-se com misteriosos e bizarros desafios.
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