segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A caixa

Abri a caixa
E não vi nada.
Nada, nem restício de vida feita
Nem restício de vida acabada.
Nada!
Apenas um vazio triste,
Monotonia em riste
Sem cor nem sabor
E nada há pior
Que nada.

Virei-a, experimentei-a.
Dei-lhe tantos olhares
Tantos tentares
Quantos aos humanos intentos
E aos humanos olhos
É possível: rápidos, atentos,
Distraídos, lentos,
De baixo, de cima
Olhei-a como pedaço de lixo
E como sublime obra-prima
Sem no entanto nada encontrar.

Vazia.
Em demasia?
O que quero eu encontrar?
Destinado está a penar
Quem procura
Sem saber
O que quer
Achar.

Pára.

Cada respiração entra e sai
Entra e vai
E faz sentido.
O corpo torna-se mais comprido
E consigo
Se torna o Ser.
É isso.
A chama da procura atiço
E já estou a ver
O que na caixa está por haver:
A vida!
Nem curta, nem comprida
De todo não cumprida
Apenas tela que quer beber
Para lembrar.

Pára de pensar
Não tem nada que saber.
A caixa está vazia
Porque tenho
Eu
De a encher.



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