terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Corrida

Mais um passo. Outro. E outro. Cada vez mais rápido, cada vez mais decidido. O vento beija-me a face, há um aroma adocicado no ar,  mas as verdadeiras sensações vêm de dentro; todo o meu corpo corre, todo, não só as pernas ou os pés, não. A minha mente corre, os braços acompanham, até os meus olhos se dedicam a contemplar o caminho que corro. Cada célula minha neste instante de nada mais sabe que correr. Sinto os músculos retesados e um suor que mais me sabe a aura, e nada mais sinto, nada mais sei. Há toda uma irracionalidade que me invade, os instintos tomam o comando e mais pareço um animal selvagem que faz o que faz pela vida, sem tempo, sem pensar. Sem sentir. E o coração... O coração bate frenético, mais num minuto que numa hora morta. E eu ouço-o, ele fala comigo. Estás vivo, sentes isso? Esquece o amor, esquece o ódio, esquece a alegria, esquece a tristeza. Sente a vida, sente-te. Quantas horas de ouro passas sem te aperceberes de ti? E eu sinto-me, sem nada mais. Estou vivo.

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