terça-feira, 5 de março de 2013

Sete

Primeira pista está acima
A resposta, abaixo vai estar
Do génio humano são matéria prima
E em estrofes se vão dissecar.

Alimenta a solidão
Varre para longe a amizade
A fortuna a um só
Resume o amor a pó
E torna a morte cedo verdade.
Zela não por céu, mas por tecto
Ah, o que será, em concreto?

Irrompe em chamas, zangado
Rasga tudo, sem pudor
Amante do caos, atribulado.

Gasta a alma em excessos, come tudo
Um não chega, nem dois nem três
Longa vida ao Entrudo
A época ideal deste que aqui lês.

Lagos, jardins, casas de ouro
Última morada antes até da morte escrita
Xailes chineses tapam um corpo a soro
Uma vida de amor proscrita.
Reles a este mundo gratuito visita
Irmãos de plástico, fingidos
Amigos de fato, como nus tidos.

Sabichão te achas, o número um
O topo de um mundo que espezinhas
Brindes a ti, palmas minhas
Enquanto afastas de ti a baixeza
Resta-te, penso, a certeza
Bacoca de que ninguém precisas
Até ao dia em que és batido por quem pisas.

Páras mais do que o que andas
Recostas-te, deixas o mundo girar
E aquela viagem a Madagáscar
Guardarás na lista do quase que foi
Um desperdicío de ar, vive mais um boi!
Imaginas, mas levantar não
Carregas o comando da vida contigo
Ah, não desse tanto trabalho carregar no botão...

Vai-te passeando, belo Narciso
A figura sempre luzidia
Irmão da beleza do dia
Do brilho do sol!
Admiras-te, o dia todo se preciso
Deixa-me lembrar-te que até o mais belo isco
Esconde, em si, um anzol. 

2 comentários:

  1. Anónimo6.3.13

    Nunca esqueci uma frase que me cativa bastante: "Os escritores são os melhores amantes". Está plenamente estampada aqui, sem duvida. Obrigado

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