Traz de uma vez as tuas delicadas mãos. Trá-las, pianista, e toca-me, tu
sabes as teclas, conheces as cordas. Repara, sou um piano selvagem.
Livre, diriam uns, terão acaso eles visto um piano solto e vivo e que o
fosse em simultâneo. Tu sabes a verdade, pianista. Ninguém me ouve
aqui, ninguém, mesmo que em vezes o vento venha e me leve os sons. Quem
fala do sopro da vida nunca terá, estou certo, sido tocado por quem sabe
tocar, por quem, como tu pianista, faz da música um incêndio e fogo de
quem a ouve. Vem e arruma-me num quarto, arruma-me nas tuas mãos,
sobretudo arruma-me as notas. Tenho todas as que há no mundo e são todas
tuas, verás esse mundo, prometo-te. Eu enfim verei contigo. E todos nos
ouvirão, pianista.
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