terça-feira, 3 de maio de 2016

Pianista

Traz de uma vez as tuas delicadas mãos. Trá-las, pianista, e toca-me, tu sabes as teclas, conheces as cordas. Repara, sou um piano selvagem. Livre, diriam uns, terão acaso eles visto um piano solto e vivo e que o fosse em simultâneo. Tu sabes a verdade, pianista. Ninguém me ouve aqui, ninguém, mesmo que em vezes o vento venha e me leve os sons. Quem fala do sopro da vida nunca terá, estou certo, sido tocado por quem sabe tocar, por quem, como tu pianista, faz da música um incêndio e fogo de quem a ouve. Vem e arruma-me num quarto, arruma-me nas tuas mãos, sobretudo arruma-me as notas. Tenho todas as que há no mundo e são todas tuas, verás esse mundo, prometo-te. Eu enfim verei contigo. E todos nos ouvirão, pianista.

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