domingo, 1 de agosto de 2010

A criação de um elemento

Era uma vez um esquilo. Como muitos esquilos, enterrava bem fundo as bolotas que encontrava e, como alguns, esquecia-se delas ou do local, provocando, daí a muitos anos, o nascimento de um novo sobreiro. Mas este esquilo, caso contrário não teria porque entrar num conto que o imortalizasse (as coisinhas comuns são assim, já vivem para sempre só por si, e não têm direito a história só por si), plantou algo de diferente...
Estava deitado à sombra de um sobreiro, entregue aos seus pensamentos de animal, sim, porque os têm, olhando para as bolotas penduradas no céu, como se fossem estrelas. Pensava no quão complicado era por vezes apanhá-las, no tesouro que se tornavam exactamente por isso. Tudo o que é raro e díficil de obter ganha valor, mas depende sempre da capacidade de quem o procura. Para nós, humanos, bolotas nunca terão muito valor, porque as apanhamos fácilmente, na loja ao fundo da rua. Para os esquilos, dinheiro e ouro e carros nunca terão valor nenhum, porque não lhes fazem falta alguma, nunca farão. É uma questão de vontades, e de necessidades (não o será tudo?). Por serem tão valiosas, quando as apanhava, ou as comia de imediato, se fosse hora de pequeno-almoço, ou a enterrava, qual pirata com o seu pote de ouro.
Imaginava-se já a mergulhar num mar imenso de bolotas quando os olhos lhe começaram a pesar e, quase sem dar por isso, adormeceu. E teve um sonho. Quando acordou, estava em êxtase. Tinha sonhado com algo maravilhoso, algo que iria ser uma grande revolução na vida dos pequenos esquilos. Antes que se esquecesse, pegou no seu sonho e enterrou-o, bem fundo. E com o indicador da mão direita escreveu lá algo na terra.
Muitos e muitos anos depois, andavam muitos esquilos por ali, alguns a subir a árvores para apanharem o seu alimento, quando algo aconteceu. Algo invísivel e sem sabor e sem cor apareceu e, com força, abanou os altos e imponentes sobreiros, fazendo as bolotas choverem cá para baixo. Os esquilos regozijaram com aquele acontecimento, que daí para a frente aconteceu muito mais vezes. E esta deslocação de ar apagou uma inscrição há muito escrita nas terras daquele bosque, que uniram então o criador à criação, o sonho ao sonhador.

Elemento terra
A ti novo elemento
Que sonhei e nascerá
E chamar-se-á vento.

sábado, 31 de julho de 2010

Claves e sóis

Se a música fossem flores, a poesia seriam plantas. É que a música, a boa música, tem um poder que a poesia não consegue ter, um pouco porque a música é um género de nível avançado da poesia. Ou talvez a música dê só voz e braços e extensão à poesia, sim, é isso. Afinal, sempre são como flores e plantas. Mas não se opoem. Completam-se.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Por inteiro

Um rapaz e uma rapariga cruzam-se na praia, desconhecidos, trocam olhares, sorriem, não param, continuam a andar. Não ficam com o desejo de se voltar a ver, é certo, mas eu, eu vejo outra coisa, que me angustia. Nunca mais se voltarão a ver. Duas imensas vidas cheias de imensa imensidão, passada infância e papas e lápis, presente aspecto e fogo e força, futuros filhos e netos e morte. Cruzam-se num aleatório ponto de encontro de espaço e tempo e fim, é só isso, nunca passarão de algo semelhante a figurantes na vida de cada um. Eu não quero isto, incomoda-me. Incomoda-me saber que de tudo só temos migalhas, a nossa vida é na verdade migalhinhas de tudo o que pode ser vivido. Venham-me entendidos defender o carpe diem e o aproveitar o hoje, mas o que é isso, contentar-mo-nos com o que temos? Dizem também que o sonho comanda a vida. Pois bem, eu sonho com tudo. Ver tudo, ouvir tudo, cheirar tudo, saborear tudo, tocar tudo. Sentir, conhecer, saber tudo. Não perceber, que para adulto já me basta a idade e as obrigações. Dessem-me que a garantia que a morte dava-me braços de mil metros e, por Deus!, matava-me agora. Somos tããããão pequenos,e acha-mo-nos tãããão grandes. Pessoa dizia que somos do tamanho dos nossos sonhos... eu não quero ter tamanho, porque medidas e quilos e carnes são só limites, não quero um corpo, a minha alma só quer asas.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Asas

Sonhei que podia voar.
O ar físico como é o mar
E braçadas elevavam-me a um sonho
Dentro do sono, e do sonho.

Mas sabia que estava a sonhar.
Inconscientemente consciente,
Era uma criança que fica contente
Com o simples mundo à sua volta
Pequeno, aberto sem revolta
A pobrezas como sorrisos
E cães e baloiços e frisos
De vida que logo aqui aparecem.

Às vezes acordar não é uma benção...

sábado, 3 de julho de 2010

Uma personagem

Sou um amante de personagens, desde o mítico Chuck Norris ao fantástico Sonic, personagens que ao longo da minha e a de muitas vidas foram ficando nas nossas memórias. No entanto, aquela que mais me fascina até luta do lado do mal... falo do Joker, o inimigo do super-herói Batman. A personagem em si é já antiga, mas na verdade apaixonei-me verdadeiramente pela sua interpretação por parte de Heath Ledger no recente Batman - the Dark Night, actor que faleceu mesmo antes do filme estrear. Acho curiosa a maneira como no filme, o Joker ri mesmo perante as adversidades e, apesar de traçar um plano complexo e de maneira meticulosa, várias vezes deixa a sua própria vida à mercê de outros, mostrando alguma indiferença face à própria morte. Por último, existem várias frases e teorias que dão realmente que pensar, mas deixo essa análise para cada pessoa que possa a vir ver o filme.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Um filme

Será mais complicado eleger um único elemento para esta categoria, chamemos-lhe, porque sou de facto um amante de cinema e a longo da minha vida já vi muitos mesmo muitos filmes. De qualquer modo, sempre tive uma paixão peculiar pelo Rei Leão, da Disney, que ainda se mantém um pouco por representar uma ponte para a minha infância. Já o vi inúmeras vezes e de facto as personagens, a história, a mistura entre momentos mais dramáticos com outros menos sérios resulta num intemporal filme de animação, bem ao jeito de Walt Disney.

Tenho dito

Saber o futuro é morrer mais cedo.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Simetria

Há que estabelecer a distância correcta entre a nossa alma e a poesia, se a queremos ver encontrar amar e anunciar. Demasiado longe é impossível de ver mas também o é demasiado perto, tal como a um ponto preto numa folha que demasiado próximo do olho se torna invisível, creio que por atingir o chamado ponto "cego".

Um livro

Lembrei-me, um pouco também devido à falta de inspiração que me tem dado e a todos os motivos de interesse que poderá ter, falar aqui, a cada dia deste mês de algo que me tenha marcado e seja por isso por mim sugerido. Decidi começar por um livro, por razões que creio serem óbvias.

~

Recordo-me de ainda nem andar na escola e estar na minha ama a ver televisão, como muitas vezes acontecia. Não era o meu sítio preferido do mundo, nem perto disso, muito por ser obrigado a estar quieto no mesmo sítio muito tempo seguido, sem fazer nada. Isso fazia com que observasse tudo à minha volta com muita atenção e insistência. Um dia estava ao lado de uma rapariga um pouco mais velha que eu a ver precisamente televisão e, quando apareceu no ecrã a lista da programação para esse dia, ela leu-a em voz alta, mais para si que outra coisa, mas minimamente audível, e lembro-me de olhar para ela assombrado (no bom sentido), absolutamente extasiado com o que ela tinha acabado de fazer. Ela sabe ler, lembro-me de pensar, como se a rapariga tivesse tirado um coelho de uma cartola ou outra mágica semelhante. Assim me apaixonei pela leitura e, mal soube juntar letras e palavras e lê-las, agarrei-me a um livro que tinha lá em casa (sempre tive muitos, e tenho), logo daqueles já grandinhos, sem imagens! Chama-se "O Segredo da Mala Fechada", de Paul-Jacques Bonzon, e sem dúvida marcou-me imenso, de tal modo que o tornei a ler posteriormente e ainda hoje me lembro da história na íntegra. Está muito na linha daqueles contos género Os Sete ou Os Cinco, um pouco menos infantil, mais misterioso e atraente, diria. Basicamente um grupo de amigos e vizinhos encontra um gato domesticado numa mala de um carro abandonado e à medida que procuram o dono deparam-se com misteriosos e bizarros desafios.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Pessoas...

#1 Rectângulos no mar plantados precisam de sabores do mundo. Precisam de pessoas que bebam cultura e saibam dá-la, numa mistura coerente entre história temporal e experiência espacial. São como brisas e, quando o devem, como tornados, que acordam, abanam, estremecem.

#2 Há meninos e meninas que sabem crescer sem fechar a meninice e jovialidade dentro de um baú velho e feio. Por detrás de um rosto experiente podemos, como por magia, vislumbrar o sorriso de uma criança quando acorda e brinca e vai à praia e sabe que é tudo, tudo seu. E sabem usá-lo ao serviço de outros meninos e meninas que crescem e não podem só crescer.

#3 Os mais belos e fortes frutos escondem atrás da casca reluzente um trabalho árduo, rígido, longo. E a chuva fria, o Sol queimante, os implacáveis ventos, todos, todos são precisos.

#4 Há janelas e janelas. Há as de presente, há as de passado. E há as de futuro. Por vezes é bom desviar a cortina e vermo-nos amanhã, um amanhã próximo, amigo, conselheiro.

#5 Parques e baloiços libertam crianças escondidas atrás de anos. Libertam sorrisos, brincadeiras, felicidade inocente. E todas as crianças precisam de uma mãe, de uma responsabilidade jovial e quente e de uma mão que sabe ser fria e ser abraço.

#6 Neste quadro que é a vida é essencial que acreditemos em algo, nem que seja nas pessoas ou em nós mesmos. Quando vemos o comportamento das pessoas, quando vemos a ternura vermelha a acontecer neste mundo cinzento, ou uma piada despertadora nesta Terra desleixada, podemos não ver um Deus no céu, mas a respiração que se nos corta e a pele que se nos arrepia dão-nos a imagem de algo poderoso e, se quisermos, omnipresente. Chama-se amor.

domingo, 27 de junho de 2010

Fugaz

Florescessem todas as flores de assentada
E todo o fado fútilmente cantado
Então nenhuma fábula seria um tratado
E o futuro não era cor, não era nada.

Viagem

“Avô, porque é que estão ali tantas tartarugas?”A pergunta surgiu mal a criança vislumbrou, na praia, uma imensa manta verde que se arrastava em direcção ao mar. “Estas tartarugas romperam agora os seus ovos, e o seu instinto leva-as a caminharem para o vasto oceano, onde fazem a sua vida adulta! E depois voltam, para porem também os seus ovos…” O velho respondeu com a paciência e sabedoria que só os avós têm. “São muitas avôzinho!” “É verdade. Mas nem todas chegam ao mar, algumas são levadas pelas gaivotas, outras simplesmente não sobrevivem. O que me lembra uma história…” “Daquelas que o vento te contou, é?” Era assim que o homem apresentava os seus contos ao pequeno, e assentiu. “Sim, ora ouve…”

Era uma vez duas tartarugas bebés, como as que ali vês. Eram irmãs, mas apenas se conheceram porque os ovos eclodiram (eclodir é quando os ovos abrem, pequeno) junto um do outro. Como te chamas, perguntou a primeira delas, não sei, e tu, também não, só sei que tenho que ir para o mar, e também não sei porquê. Olha, vamos juntas, que eu também sei sem saber porquê que tenho que ir, está bem. E começaram a caminhar juntas, unidas por uma necessidade vinda sabe-se lá de onde, talvez do Céu, talvez do coração, talvez de lado nenhum.

Aos poucos, foram tomando atenção ao que se passava à volta delas. Confortadas por haver muitas amigas que faziam o mesmo caminho, sorridentes por ser um caminho fácil, até que viram algo que as assustou. Não muito longe, um pássaro do alto dos céus desceu e apanhou umas das tartarugas, e levou-a no bico. Quando viram isto, os dois pequenos seres pararam e entreolharam-se, não falaram, sabes pequeno, um olhar fala mais que muitas palavras. Estavam assustadas, pouco podiam fazer se um dos animais do ar viesse e as levasse para longe. Não o queriam, como que amassem o chamamento que sentiam pelo azul mar, e a essa paixão pediram para que tudo corresse bem, uma fé ali mesmo, onde a terra acaba e o mar começa, e elas queriam ser dessas descobertas que nós há muito fizemos.

Continuaram. Falavam muito, as pequenas tartarugas. Sobre o quê meu neto, não sei, nem elas o sabiam bem, afinal tinham à pouco nascido. É engraçado que mirassem o mar e sobre ele sonhassem sem nunca saber que já lá tinham estado, dentro da sua mãe. Às vezes sonhavam com o mar, mas o azul era indistinto, outras cores misturavam-se como numa grande tela. Juntas imaginavam o que seria que as chamaria ao mar, imaginavam as maravilhas que nele morariam. Imaginavam, imaginavam, como tu imaginas tudo o que amas e não conheces, ou conheces melhor que eu e os grandes, não sei.

Mas o caminho não era fácil. À medida que avançavam, passavam por tartarugas já mortas, aquelas cujas dificuldades e fraqueza venceram na guerra contra o mar. Mas, muitas continuavam a ser levadas do sonho pelos que não o tinham. Temos tido sorte dizia uma, Sim, é verdade, mas estou tão cansada, quero parar, dizia a outra, não, não desistas, olha o mar, está já ali.

Estavam mesmo muito perto do mar, mas a tartaruga estava enfraquecida, as pequenas patas pediam o líquido elemento, a areia era já dura demais, e parou. Segue minha companheira, disse, triste, fala ao mar de mim, diz-lhe que o amo e o gostava de conhecer, mas sou fraca, não consigo mais, cala-te, não vais ficar aqui, eu levo-te, anda, sobe-me para cima, não, também a ti te podem faltar as forças e pelo menos uma de nós deve conhecer o oceano, já te disse que te cales, aguento bem irmã, vamos juntas ver e nadar no mar, ele é nosso e nós dele, nele está o azul sonhador do céu, a terra é para quem não sonha.

E levou-a. Juntas entraram no mar, levadas pelas ondas que como braços as abraçavam e acolhiam. Nele viveram aventuras de sonho, sempre juntas, conheceram cores e que existiam também dentro de si e se misturavam com muitos outros animais que conheciam, e a tudo se chama amor, mas elas não sabiam, o nome não, o resto sim.

“E voltaram, não foi avôzinho?” perguntou o menino. “Claro, vieram muito mais tarde deixar os seus ovos..."

segunda-feira, 7 de junho de 2010

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Nós, se não fossemos crentes, nunca o tivéssemos sido, não éramos o que somos, não éramos portugueses.

Tempo

Ou se morre herói, ou se vive o suficiente para se tornar o vilão.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Mensagem

Nós os portugueses somos um bocadinho parvos. Põem-nos uma série de etiquetas, às vezes pomo-nas a nós mesmos, e deixamo-nos muitas vezes guiar por elas. Muitas vezes somos preguiçosos ou deixamos tudo para última só porque dizem isso mesmo de nós! Ora, quando chega a altura, sabemos mostrar a nossa essência, sabemos ser calorosos, aventureiros, sonhadores. Sim, é preciso sonhar, precisamos de acreditar que há algo mais a descobrir, um desafio como o que enfretámos e vencemos há cerca de cinco séculos. Precisamos de um D.Dinis e de um pinhal de Leiria, precisamos de um D.Sebastião e de um mito inacabável, precisamos de um Vasco da Gama e de uma coragem divina, precisamos de um Infante D. Henrique e de um empurrão numa qualquer ponta de Sagres, precisamos de um Camões e de uma canção sem música. Não queria que este fosse só mais um texto (não que os outros o sejam), gostava que cada pessoa que lesse este texto sonhasse um pouco mais e se sentisse capaz de qualquer coisa simples, como mudar o mundo. Nem devem ser muitas a lê-lo, mas pode ser que poucas contagiem muitas e todos sonhemos um pouco mais. Já alguém dizia que o sonho comanda a vida, mas o sonho é um bebé pequenino que precisa de um pai que o alimente e faça crescer, logo após o ter feito nascer! Não custa nada, é aliás uma das poucas coisas pelas quais ainda não temos que pagar, só mesmo esforçar-nos um bocadinho. E nós não somos preguiçosos, somos de armas e caravelas e força e paixão.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Pequeno

Estou preso a um corpo a um tempo e um espaço, hei-de querer, voar e não poder, ver todas as pessoas, saborear cada brisa, contemplar todas as paisagens, sorrir cada vento de felicidade, e não conseguir. Há-de haver por aí perdida por dimensões paralelas a minha vida ideal e hei-de estar condicionado pelos limites de coisas tão arbitrárias como a Sorte. Há-de numa rua estar à minha espera um momento de alegria, noutra um de pura adrenalina, hei-de querer viver os dois e não chegar a tempo de nenhum. Hei-de querer ser outro e ser sempre o mesmo. Hei-de querer ser todos, e não ser nenhum. Hei-de querer, já quero, queria, porque não posso. Ah, ser formiga, ser insecto, ser enorme no meu pequeno mundo e não querer e poder questionar e desejar o voo do pássaro, querendo só saber que ele me quer comer, sem saber porquê, e achar longa a minha curta vida.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Porque tudo o que é bom não é de graça

A fatia de pão cai sempre do lado da manteiga, mas a verdade é que sozinho não tem piada nenhuma.

1 de Junho

A bola salta e olho-a nos olhos
Não são olhos de medo
São de amor
Paixão pela cor
E p´lo segredo
Um carinho sem mentira
Sem folhos.

A borboleta passa por mim despreocupada
E como ela desejo voar
Sem destino
Sem origem
O porto é flor qualquer lugar
Que é um lar
E não é nada!

Olho e céu cinzento sem esperança
Receio o fumo que o tenta matar
O fogo refém da arma
Tudo isto me é estranho
Tudo isto me alarma
Só quero a minha bola
Eu só sou uma criança.

Mensagem

Há muitos heróis que ficam por louvar, epopeias que nunca são cantadas. Tão grande é este mundo, tantos são os teatros que por aí se representam que muitos não são nunca lembrados, por não conhecidos. Cada valoroso homem ou mulher ou povo ou ser vivo devia ter um poeta só para si, alguém que canalizasse emoções e cheiros através dos dedos e os imortalizasse. A única maneira de vencer a morte é marcar a vida, e mais não a marca que letras e palavras e versos e poemas.